DENÚNCIA RELATIVA À FORMA COMO A ANPC TEM ATUADO NOS FOGOS EM BARCO - PAÚL - CONCELHO DA COVILHÃ

14-09-2017

Exmºs Srs. e Sras.,

Muito Bom dia,

O meu nome é Luís António e a minha família é proprietária de uma quinta na linda Povoação de Barco, concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco, Região Beira Interior, inserida numa paisagem rural maravilhosa, com vista para a Serra da Estrela, que confina com uma zona navegável do rio Zêzere, onde há mais de 50 anos funcionou um complexo mineiro com várias galerias subterrâneas de exploração de Estanho e Volfrâmio, faz parte do corredor Ecológico do rio Zêzere, Reserva Ecológica, Reserva Agrícola, Domínio Hídrico, onde se pretendia futuramente implementar um empreendimento Turístico Mineiro composto por suites mineiras dentro das galerias, associado ao Turismo de Aldeia, Agro-Turismo, Turismo de Natureza, que seria inovador e inédito em Portugal, dado que se agregava na mesma quinta as várias valências referidas.

O empreendimento seria formado por um pequeno aldeamento de nove casas forradas a pedra originárias da exploração mineira, de diversas tipologias, fruto da recuperação das construções mineiras existentes que estavam em avançado estado de degradação e paradas no tempo há 50 anos, algumas das casas estariam preparadas para pessoas com mobilidade reduzida, seria permitido animais de estimação, os tanque de decantação dos minérios seriam transformados em piscinas com cascata em socalcos, a implantação da correia transportadora dos minérios, que já não existe, seria aproveitada para fazer uma cascata de água com pontes e que iria desaguar num tanque com peixes do rio na parte inferior de um dos Centros de Interpretação Mineiro, um Spa, salão de festas, anfiteatro ao ar livre, bares, restaurante, um Centro de Interpretação Ambiental da fauna e flora Vegetação Habitats e Biodiversidade, um Centro de Interpretação Mineiro no âmbito da atividade produtiva mineira com o espólio das minas para os visitantes, com atividade didáticas, pedagógicas, científicas, inclusão futura na Rotas das Minas da DGEG, inclusão futura como Parque Geológico Privado, e a influência da orla do Parque Natural da Serra da Estrela, como futuro Geopark, com projecção mundial de Geoparks.

O Empreendimento em termos de animação turística, que é uma das prioridades do Turismo do Centro, no sentido de criar infra-estruturas de animação que promovam e prolonguem a estadia média dos turistas e a criação de produto turístico diferenciado e inovador na região centro interior, iria desenvolver através do património mineiro, com a visitação às antigas galerias existentes de estanho e volfrâmio, a espeleologia, a animação turística na vertente náutica com cais fluvial para apoio e desenvolvimento de diversos desportos náuticos, com caiaque, remo, canoagem, pesca, moinho de água no rio para promover a parte lúdica e didática, uma pequena praia fluvial privada, vários postos de observação da fauna e flora, visitação aos Centros de Interpretação, visitações às diversas galerias mineiras de grande beleza natural, geológica, histórica, didática, científica, visitação do projeto agrícola - pomar e caminhadas na Grande Rota do Zêzere (GRZ) ao longo do rio Zêzere, estábulo para criação do burro mirandês, que está em extinção e a domesticação de uma raposa que vive na quinta.

Estávamos à espera da atribuição da concessão como Parque Geológico Mineiro e Turístico, que aproveitando o embalo do desenvolvimento natural, ambiental e industrial mineiro (extracção de estanho e volfrâmio) seria uma mais-valia em termos de produto diferenciado.

A vila de Barco tem uma população essencialmente muito envelhecida e de reformados, e com uma grande percentagem de pessoas, especialmente os jovens que emigraram para a Europa, isto verifica-se não só em Barco, como nas povoações vizinhas, para além de ser uma população e região muito carenciada em termos económicos e sociais, em que o empreendimento pretendia ser a âncora do "Barco", alavancando a economia local e a criação de postos de trabalho para a reconstrução do edificado, como para o turismo e animação.

A futura requalificação deste complexo pretendia poder gerar os benefícios socio-económicos desejados, que para além do benefício para o empreendimento, seria também um verdadeiro bem comum e um recurso que faz parte duma estratégia de desenvolvimento económico, social e ambiental para a povoação, para a freguesia, para o concelho da covilhã, para a Região Beira Interior, para Portugal e tem também como missão a valorização, dinamização, divulgação, e promoção nacional e internacional do riquíssimo Património Geológico e Mineiro, o Património Paisagístico e Ambiental com a sua biodiversidade e geodiversidade através do Corredor Ecológico do Rio Zêzere, o Património Turístico e respectivas Animações Turísticas inerentes, para além das inerentes atividades complementares da gastronomia típica relacionada com a restauração e bebidas, o comercio local, e o artesanato de toda uma região.

Falamos em nome da nossa família e de todas as pessoas e famílias e empresas deste país, que de uma forma direta ou indireta estiveram ligadas à tragédia dos fogos, em nome daqueles que não tem voz, dos que já não tem forças, dos que não tem coragem, dos que já desistiram, dos que se suicidaram, dos que tem medo de retaliações, queremos ser a voz dos indignados e revoltados desta tragédia dos fogos que nos bateu à porta e não queríamos que entrasse, e que só quem passou e passa e continua a passar por isto sabe dar o valor e sente a dor, que é indescritível...!

Tendo em conta esta linda, inovadora e promissora história deste futuro empreendimento é com muita Indignação e Revolta que venho denunciar a forma como a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) atuou nos diversos fogos na região do Barco - Paúl.

Na localidade do Barco, um dos fogos reacendeu-se de uma forma violenta no dia 07-09-2017, quinta-feira, tendo sido prontamente comunicado por nós às 15.03H, para os bombeiros da covilhã, que apesar de existirem diversos meios terrestres no local não conseguiram dar resposta atempada para apagar o inicio do fogo, apesar das nossas diversas insistências o primeiro helicóptero só chegou ao local passados 45minutos e os restantes meio aéreos depois, mas como as chamas e o fogo foram tardiamente atacados, estas evoluíram e infelizmente arderam dezenas e dezenas de hectares.

No dia 08-09-2017, sexta-feira, participamos às 16.03H à ANPC de Castelo Branco um novo reacendimento, e como as chamas já estavam grandes solicitamos a vinda imediata dos meios aéreos, uma vez que os diversos meios terrestres no local e 3 máquinas de rastos não conseguiram controlar as chamas.

Só às 16.41H, passados 38 minutos é que apareceu um helicóptero de reconhecimento e as 16.45h apareceu mais um helicóptero, não tendo vindo mais nenhum meio.

Estamos Indignados e Revoltados não com os Bombeiros, muito pelo contrario, que só temos que Agradecer, estamos contra a tardia resposta, recorrente, no envio dos meios aéreos para o teatro de operações, para combater o incêndio no início destes dois fogos na povoação de Barco, e estamos contra à falta de meio aéreos, que faria toda a diferença em zonas de montanha, e que são fundamentais para estancar o inicio de um pequeno fogo, sabendo a ANPC que estariam em perigo pessoas, bens, e animais, que infelizmente e mais uma vez as chamas e o fogo evoluíram descontroladas e arderam centenas de hectares, tal como, toda a floresta à volta e parte da nossa quinta.

Como sabem as chamadas para o 117 são gravadas e facilmente podem verificar e comprovar o seu conteúdo e temos muitas testemunhas no local a certificar as horas a que os meios terrestres e aéreos apareceram e a forma desconcertada e desorganizada tanto no terreno, como no atraso dos meios aéreos, que fez toda a diferença para o combate a estes fogos, que o último do dia 8 de setembro consumiu toda a parte florestal restante da povoação de Barco, Paúl, serra da Argemela, Peso, Pesinho, Telhado, Freixial, Souto da Casa, Lavacolhos, tendo ficado tudo como fosse um cenário de guerra!

Solicito que averigúem o local da ignição destes dois fogos, relatados nos horários referidos, e a respetiva georreferenciação dos vários meios terrestres e máquinas de rasto no local, e as respetivas localizações dos vários meios aéreos entre os horários dos pedidos de socorro e o aparecimento dos mesmos meios no local do fogo, e como se poderia ter evitado mais estes dois fogos.

Infelizmente e mais uma vez o SIRESP falhou! como podem constatar junto dos vários comandantes no local e constatado também pela nossa família no teatro de operações, na desesperante corrida para conseguir salvar pessoas e bens dentro da quinta.

Não cabe a nós gerir ou obter mais meios aéreos, mas cabe pedir responsabilidades à ANPC e a quem de direito pela desorganização e falta de meios.

Infelizmente estes fogos em Barco, Paúl e vizinhanças para regozijo de algumas pessoas más, invejosas e mesquinhas, e a tragédia de muitos, tiveram origem em mão criminosa de um sapador florestal de Unhais da Serra, entre outros, cujo objetivo ironicamente seria proteger as florestas, solicitamos que aumentem as penas de prisão e que não os coloquem em prisão domiciliária, pois eles correm sério risco de vida com a fúria e indignação das populações locais, dado que, estes indivíduos para além de terem destruído hectares de florestas, desgraçaram a vida, bens e animais de muitas pessoas, ao ponto de algumas cometerem o suicídio.

Em nome de todos aqueles que precisam e estão dentro desta catástrofe, Solicitamos que após este momento de dor, e de tragédia nacional, que nos bateu a todos à porta, e especificamente na região centro interior do país, que todos os políticos e dirigentes das diversas autarquias e diversas entidades licenciadoras se unam, dinamizem e disponibilizem meios necessários para ajudar a recuperar os bens ardidos, e deixem de lado as burocracias, a arrogância, a prepotência, a má vontade, a má-fé, a inveja, o complexo de inferioridade, o ressabiamento, a falta de visão, a perseguição, a retaliação, o abuso de poder, o abuso de autoridade, o tratamento desigual e que deixem de levam meses e anos de atrasos nos necessários licenciamentos urbanísticos, criando uma via verde célere e urgente para a resolução imediata dos problemas das populações, dos investidos e dos empresários, e do país, dos que ainda, lutando contra tudo e todos querem continuar, sem desistir!

Queremos igualmente denunciar a falta de sensibilidade florestal das instituições na limpeza dos terrenos para evitar os fogos, pelo fato dos terrenos estarem em zonas de reserva ecológica e reserva agrícola só podem ser limpos com recurso a motorroçadora de disco ou por pá e enxada, é inconcebível e incomportável limpar terrenos com muitos hetares da forma como a lei exige, sem recurso a outro tipo de máquinas, nomeadamente uma máquina retroescavadora ou trator, que em todos os casos irá destruir sempre o coberto vegetal.

Enquanto uns não podem, outros não tem condições financeiras e outros não querem, outros há que querem limpar, mas não os deixam limpar, mas agora que o fogo já destrui tudo, tal como, as reservas ecológica e agrícola, e todo o coberto vegetal, já podem andar máquinas de rasto da ANPC a abrir caminhos e a destruir as reservas por força da tragédia, que poderia ser evitada.

Se a região centro interior do país já precisava de investimentos, criar riqueza e criar postos de trabalho, agora ainda mais precisa, as autarquias devem acarinhar e fixar todo o tipo de projetos e ainda mais os inovadores, facilitar a vida das pessoas e das empresas, desburocratizar os licenciamentos e potenciar o turismo da região.

Para os que ainda não sabiam... este é o país REAL que temos, é por estas e por outras que este país não vai,... nem pode ir para a frente!

Voltando ao nosso futuro projeto de turismo rural está irremediavelmente perdido! pois a fauna e flora desaparecem com os fogos, e vão levar muitos anos a voltar ao que era, só nos resta o turismo mineiro ou não...!

Como nem tudo foi desgraça nesta história triste, e apesar da indignação e revolta que sentimos, não podemos deixar de prestar uma Grande Homenagem e Agradecer Muito aos Bombeiros Voluntários da Covilhã, nas pessoas de Bruno Reis, seu chefe e colegas, aos Bombeiros Voluntários de Castelo Branco, nas pessoas do subcomandante Paulo Candeias e seus colegas e à Força Especial de Bombeiros da ANPC sediada nas Cortes do Meio (helicópteros nº 30 e nº 40), que graças à sua eficácia, profissionalismo, operacionalidade e coragem de correrem o perigo de vida para ir buscar água directamente ao rio Zêzere, fazendo manobras acrobáticas por entre árvores apertadas das margens do rio, para poder salvar parte da quinta, as pessoas, os animais e os nossos bens!

Nota: A raposa que nós alimentamos e domesticamos já voltou, felizmente sobreviveu à tragédia!

Aquilo que o inimigo pensa que vai destruir é aquilo que Deus vai usar para fazer Grandes Coisas nas Vidas daqueles que passaram por uma tragédia como esta, e acreditem Deus não dorme e está sempre alerta!

Em tudo dai Graças, até nas desgraças!

Cumprimentos com pesar!

A todos um muito BEM HAJAM!

Luís António e Família

(Carta da autoria do mesmo)

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