ARGEMELA: "RECOMENDAÇÃO TEM QUE TER IMPACTO POLÍTICO"

25-10-2018

A recomendação aprovada por unanimidade na Assembleia da República, em Março do corrente ano, que pede a suspensão do processo para a exploração de lítio na Serra da Argemela "tem quem que ter algum impacto político, nomeadamente junto do Governo", defende Alfredo Serra Mendes 

O membro do grupo pela "Preservação da Serra da Argmela" falava no segundo painel "Concessão da exploração mineira - impacto ambiental e económico, riscos para a saúde pública" do debate sobre o futuro da Argemela, que decorreu no auditório da Arpaz, na freguesia de Barco (Covilhã) no passado fim-de-semana.

Depois de alertar para as singularidades da Argemela, nomeadamente a disposição em anfiteatro; a centralidade e proximidade relativa a várias povoações e aos dois municípios (Covilhã e Fundão), a cota de exploração, o efeito do vento e a dispersão de poeiras e a proximidade com o rio Zêzere, Alfredo Serra Mendes destacou ainda "os problemas graves" que a exploração poderia ter para a agricultura naquela zona.

Para o membro do Grupo que defende a preservação da Serra da Argmela, a recomendação, que pede a suspensão do processo para a celebração de contrato de exploração mineira na Serra de Argemela, antes de avaliados todos os impactos, não tendo força de lei, tem que produzir algum efeito nos responsáveis da tutela

"Temos que pensar que uma recomendação com esta abrangência, com esta força, tem que ter algum impacto político. Cabe-nos agora fazer exercer a força que essa decisão tem. Hoje, quisermos alertar as entidades e as pessoas para que estudem muito bem o que está em causa, pensem e tirem as conclusões".

Refira-se que o texto final da Comissão de Ambiente, que resultou de um consenso a partir de resoluções dos Verdes, do PAN, do PSD, do BE, do PS e do CDS-PP, recomenda ao Governo que promova a discussão pública e que nela sejam envolvidas as autarquias locais e a população diretamente afetada dos municípios da Covilhã e do Fundão, bem como peritos na matéria.

Em Abril do ano passado, numa resposta a questões apresentadas pelos deputados socialistas eleitos pelo círculo de Castelo Branco, o Governo garantiu que ouvirá "populações e as autarquias abrangidas antes de tomar qualquer decisão".

Também os impactos na saúde, com a eventual exploração de lítio, são prejudiciais, afirmou o médico Augusto Gouveia. A poluição do ar, água, solos, a circulação de metais pesados e a poluição sonora foram alguns dos temas abordados pelo clínico

"A indústria mineira chega a um lugar com a promessa de geração de riqueza e emprego, mas são milhões, os que, no mundo inteiro, podem atestar o alto custo de que está impregnado: apropriação de terras das comunidades locais, impactos na saúde, alterações nas relações sociais, destruição das formas de sustento e de vida das comunidades, desintegração social, mudanças radicais e abruptas nas culturas regionais", sublinhou Augusto Gouveia.

No debate ficaram dúvidas e interrogações de agricultores, um deles que investiu recentemente cerca de 130 mil euros na sua exploração, com aposta na produção biológica. O que vai acontecer? A pergunta que muito habitantes da região formulam.

Foto: Da esquerda para a direita: Alfredo Serra Mendes, Joana Bento e Augusto Gouveia 


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