“Je suis Argemela” foi o mote do protesto contra exploração mineira

03-03-2017


(c) Catarina Canotilho/JF

SOCIEDADE

Algumas dezenas de populares concentraram-se esta quinta-feira na localidade do Barco, concelho da Covilhã, para protestarem contra a eventual concessão mineira para a Serra da Argemela, cujo pedido de atribuição da concessão a uma empresa privada foi recentemente publicado.

Ao som dos bombo, com camisolas "Je suis Argemela" ou entoando palavras de ordem como "Argemela é nossa e há de ser", os populares mostraram-se preocupados com as consequências e os impactos negativos da criação de uma mina na Serra da Argemela, que abrangerá localidades dos concelhos da Covilhã e Fundão.

"Estamos muito preocupados porque, se forem para a frente com isto, toda a encosta da Serra vai ser delapidada apenas para servir os interesses económicos de alguns e não os da terra", referiu Maria do Carmo Mendes.

Natural daquela freguesia, Maria do Carmo Mendes alerta para a questão do impacto ambiental e para a grande área que tal concessão mineira poderá abranger: mais de 400 hectares.

"A Serra passará toda a ser exploração mineira. São 400 hectares, ou seja, 400 campos de futebol. É absolutamente inimaginável", referiu.

Estas preocupações são partilhadas por Maria Galvão, que não quer ver a paisagem da terra onde vive desde que nasceu - há 70 anos - transformada.

"Toda a vida tivemos estas árvores e agora querem substituí-las por aquilo. Não pode ser. O que é que vai acontecer aos rios, aos lagos, aos poços e à agricultura?", apontou, lembrando que os químicos usados nas lavagens de minério rapidamente podem infiltrar-se nos cursos de água.

António Dias também tem receio dessa eventualidade: "Mesmo que haja regras a respeitar, depois fazem o que querem", refere.

De resto, todos criticam a falta de informação que lhes tem sido dada.

Até ao momento, os populares apenas conseguiram saber que em 2011 foi assinado um contrato de prospeção e pesquisa de depósitos para diferentes tipos de minério (do estanho ao lítio) e, já este ano, foi publicado em Diário da República o pedido de atribuição de concessão de exploração para uma área superior a 400 hectares.

"Não sabemos o que é que lá vem e temos receio. Não sabemos qual é o impacto ambiental, o que acontecerá à nossa mancha de pinho bravo, às nossas águas, às nossas estradas. E a arborização como é que será feita? E os inertes onde é que são colocados? E como é que se requalificam os solos perdidos?", questiona o presidente da Junta de Freguesia do Barco, Luís Morais.

A questão dos postos de trabalho é outro ponto que preocupa o autarca, que não sabe se isso compensará as perdas todas.

"Imaginem-se 400 hectares que hoje são de floresta transformados em paisagem lunar. Não sei se essa perda tem compensação possível. Temos de ver", apontou.

Presente na concentração em representação da Câmara da Covilhã, Hélio Fazendeiro, chefe de gabinete do presidente, garantiu que a autarquia estará ao lado "dos interesses da população" e que tem uma posição de "vigilância, expectativa e de responsabilidade".

Este responsável informou ainda que o município já contactou a empresa que fez o pedido de concessão e que esta se disponibilizou a realizar uma ação de informação para a população.

Catarina Canotilho


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